O seu processo de evolução acontece com a cura contínua, em todos os níveis: cura física (de doenças do corpo), cura de relacionamentos, cura das emoções e da mente. Este processo passa por uma melhoria contínua a ser realizada por você mesmo, a todo instante da sua existência. Mas por onde começar? O que eu posso fazer para ser melhor do que eu era há um minuto atrás?
A evolução do Espírito passa por uma caminhada cheia de escolhas.
A observação dos seus vícios é uma ótima bussola para lhe guiar nessa jornada da cura e da melhoria contínua, mas vamos pensar primeiros sobre conceitos. O que é um hábito?
Pense sobre os seus hábitos. Há algo que você faz rotineiramente e que seja saudável? Ou seja, não trás prejuízos para você mesmo ou para outros?
Temos muitos hábitos importantes como beber água regularmente, procurar os amigos para uma boa conversa, se exercitar regularmente e outros tantos. Agora vamos entender o conceito de vício.
O vício é um hábito que adoeceu. Ele é nocivo e incontrolável. Além disso, trata-se de um costume persistente, ou seja, você tem dificuldades em deixar de fazer.
Agora sejamos práticos. Vamos imaginar uma pessoa chamada José (nome fictício). O José tem o hábito da leitura. Ótimo, não é? Ele adora ler e tem o hábito de ler todas as noites. Posso dizer que é um hábito bem saudável e útil. Você concorda?
É possível um hábito tão bom seja adoecido? Vamos continuar a história do personagem José. O José tem um problema familiar, um casamento ruim e a sua relação com os seus filhos não vai muito bem. Então, toda noite, o José chega do trabalho, faz a sua refeição de forma bem rápida, toma um banho e começa a ler. Ele não gosta de ser incomodado durante a sua leitura e, portanto, ele não tem contato com a sua família. Bom, José, me desculpe a franqueza, mas o seu hábito se tornou um vício. O José está prejudicando ele mesmo e sua família, perdendo a oportunidade do convívio e do tratamento de conflitos importantes.
Claro que não conhecemos o José, é apenas um personagem inventado e precisaria de mais informações para fazer uma análise mais aprofundada. No entanto, pode ser que o José esteja fugindo dos seus problemas se escondendo atrás de um vício, concorda?
“O vício aparece constantemente onde há uma inadaptação à vida social. Por incrível que pareça, o viciado é um “conservador”, pois não quer correr o risco de se lançar à vida, tornando-se, desse modo, um comodista por medo do mundo que, segundo ele, o ameaça.” (3)
Vamos continuar. Agora imagine outro personagem fictício, a Joana. Adoro a Joana! Ela tem muita habilidade no uso do celular e consegue resolver várias questões da sua vida com o whatsapp, facebook, etc… Sempre que eu preciso, procuro a Joana para me ajudar com problemas de tecnologia. Um dia a Joana me procurou dizendo que todos os seus amigos reclamam que em festas e em eventos sociais ela não tira o olhar da tela do celular. Tadinha, ela já tentou parar com isso, mas ficar sem o celular lhe causa uma angústia muito grande.
Vamos levantar possibilidades, lembrando que se trata de ficção, a Joana nem existe, viu? Pode ser que a Joana seja tímida e que ter a desculpa de olhar para o celular durante uma festa lhe traga a segurança, um estado no qual ela não precisa se expor em uma conversa com pessoas desconhecidas. Pode ser, mas não conhecemos a Joana, somente ela mesma ou com a ajuda de um terapeuta possa concluir o motivo exato dessa angústia.
Agora, pare um pouquinho, analise os seus hábitos e seja sincero com você mesmo e os classifique: vício ou hábito?
Todo vício é um sintoma
O uso da observação dos seus vícios para encontrar caminhos para a melhoria contínua, para o progresso de cada um, requer uma honestidade extrema consigo mesmo. Você está preparado? Nos damos desculpas o tempo todo para justificar a ida em uma academia todos os dias até nos lesionarmos para fugir de convívios sociais; comer só mais um docinho, porque é gostoso e não para esconder a carência do coração. O vício é apenas um sintoma, a ponta do iceberg. O que te faz prisioneiro daquele vício?
“Os vícios resultam do nosso medo de assumir o controle de nossa vida e, ao mesmo tempo, do medo de nos responsabilizarmos por nossos atos e atitudes, permitindo que eles fiquem fora de nosso controle e de nossas escolhas.” [2]
Há tanto campo para a reforma íntima observando os vícios mais escondidos na nossa rotina. Vejam só alguns exemplos trazidos pelo Hammed (2):
Vício de … … falar descontroladamente, sem raciocinar, desconectando-nos do equilíbrio e do bom senso. … mentir constantemente para nós mesmos e para os outros, por não querermos tomar contato com a realidade. … nos lamentarmos sistematicamente, colocando-nos como vítima em face da vida, para continuarmos recebendo a atenção de todos. … nos acharmos sempre certos, para podermos suprir a enorme insegurança que existe em nós. … gastar desnecessariamente, sem utilidade, a fim de adiarmos decisões importantes em nossa vida. … criticar e mal julgar as pessoas, para nos sentirmos maiores e melhores que elas. … trabalhar descontroladamente, sem interrupção, para nos distrairmos interiormente, evitando desse modo os conflitos que não temos coragem de enfrentar.
Adoro tratar esta questão sem falar em álcool, cocaína, cigarro, remédios para dormir, etc… estes são vícios que costumeiramente são vistos pela sociedade como negativos. Há questões energéticas, fluídicas e espirituais extremamente importantes sobre os vícios químicos, que tratarei no artigo Vícios químicos – uma visão espiritual, mas já fica aqui uma dica:
“O Cigarro é esse enroladinho de fumo que tem uma brasa de um lado e um bobo do outro.”(1)
Tenho certeza que para você, exceto se você for um Buda (um ser iluminado), alguns vícios precisam ter mais atenção. Há um vasto campo de trabalho na busca da melhoria contínua do ser e das curas em todos os níveis na simples observação honesta dos vícios. Reforçando a ideia do vício como um sintoma, conforme Hammed (3), viciados são todos aqueles que se enfraqueceram diante da vida e se refugiaram na dependência de pessoas ou substâncias.
Os vícios são métodos defensivos que as pessoas assumem como uma forma inadequada de promover segurança e proteção. É preciso tomar as rédeas da sua própria vida.
Termino este artigo com um trecho do Capítulo IX, item 9, do Livro O Evangelho Segundo o Espiritismo:
“Compenetrai-vos, pois, de que o homem não se conserva vicioso, senão porque quer permanecer vicioso; de que aquele que queira corrigir-se sempre o pode. De outro modo, não existiria para o homem a lei do progresso. “
Ou seja, sempre há oportunidades de ser um pouquinho melhor do que fora há um minuto atrás.
Luz Estelar!
Referências:
1 – Simonetti, Richard. Não pise na bola. Editora Clarim.
2 – Neto, Francisco do Espírito Santo. Renovando Atitudes. Pelo espírito Hammed
3 – Neto, Francisco do Espírito Santo. As Dores da Alma. Pelo espírito Hammed
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