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Foto do escritorTaty Mendes

Minha jornada no encontro do feminino ferido

Quando chegou o final de mais um relacionamento afetivo, pensei: “Eu não sei me relacionar.” Vivi um luto de muito tempo e chorei muito… deixei as águas lavarem a dor. Até que, depois de esvaziar um pouco a dor, me levantei, passei um bom batom e resolvi encarar este problema de frente.


O início foi simples.

Entrei no Google e pesquisei: “Curso de relacionamento afetivo”.


Vieram mil coisas e até aqueles cursos de dicas para paquera, dicas para conquistar um homem… mas não era isso. Uma bússola em meu coração falava alto e me apontava para o olhar para dentro e não para fora.

Enfim, encontrei um curso que falava sobre relacionamentos dentro dos conceitos da Constelação Familiar, mas o professor tinha uma postura muito agressiva e eu não queria mais ter nenhuma relação abusiva, ou seja, não queria mais ser agredida nem pelos outros e nem por mim mesma. Então, achei a Maria Silva Orlovas e ela ofereceu um curso sobre Relacionamentos e óbvio que comprei na hora. O diferencial do curso dela é que falava da cura dos relacionamentos, mas começava com o seu relacionamento consigo mesmo. Fiz meditações da criança interior e não sabia o quanto a minha criança foi ferida, abandonada e desconsiderada em sua individualidade. Eu abracei a minha criança interior e disse: “eu cuido de você”. Durante as meditações, visualizei a minha criança interior como menina, depois como menino, depois eu a procurava sem encontrar e depois eu a abraçava com muito amor. Que processo lindo eu vivi, este foi apenas um deles.


Eu abracei a minha criança interior e disse: "eu cuido de você".

Então, eu me formei como consteladora e fui trabalhar como voluntária no Tribunal de Justiça de Minas Gerais e também atuei em atendimentos particulares. Gente, existe sim um mundo de homens que violentam mulheres e o tal do patriarcado é um problema sim. Percebi como tenho sido conduzida a ajudar mulheres feridas e, não por acaso, acabei sendo coordenadora de um voluntariado em um asilo de idosas. Bom, nem preciso falar quantas mulheres feridas existem lá. Também, algumas pessoas que atuam comigo, várias delas, sofreram abusos, abandonos e estão aí, tentando se curar como eu. Talvez se você está lendo até aqui, você esteja também buscando a sua cura. Minha irmã dizia, "as mulheres se curam com mulheres" e é muito verdade isso.

Então fui descobrindo, no sentido literal da palavra, “tirando a cobertura” do meu feminino ferido. A cobertura que escolhi foi a da mãe preocupada, a cobertura da profissional exemplar e da mulher maravilha. Ahhh, Mulher Maravilha, você foi educada para viver em um mundo sem homens e certamente foi uma outra mulher ferida quem te educou assim. Vou te contar uma coisa, não precisa mais lutar, miga. Guarde suas armas e se sente aqui comigo. Vou te fazer um chá bem gostoso.


Mulher Maravilha, guarde suas armas e senta aqui comigo. Vou te fazer um chá bem gostoso.

Como é bom descobrir que não preciso mais lutar, não preciso mais disputar nada com outras mulheres e nem ser melhor que os homens. Eu me fortaleço quando fortaleço as mulheres ao meu redor, mas como caminhar na cura do feminino ferido?


Voltamos para o Google que é a forma mais rápida de encontrar soluções. kkkk

A pesquisa foi: “Cura do feminino ferido”.


Mais e mais experiências vieram. Toca tambor, aprenda pompoarismo, relacione bem com a sua menstruação e, gente, confesso, eu não me relaciono bem com a minha menstruação, não. Ouvi de todas as formas: "Seja deusa". Miga, algumas deusas verdadeiramente me assustam e, de verdade, não quero ser isso não, gente.

A deusa, feiticeira, como diz Daniela no curso A Tecelã, vira bruxa e termina sozinha e pobre na floresta. Acredito que a busca por ser deusa ainda é uma busca pelo poder, ainda é viver no mundo masculino, pelo menos o que aprendi sobre este caminho. Digo isso, pois podem ter outros olhares e eu respeito todos eles. Desculpem as feministas, mas realmente quero ser sim a princesa que vira a rainha e vive num castelo com abundância. Peço licença para trazer aqui toda a verdade do castelo interior de Santa Teresa de Ávila. Quero conseguir bem casar o meu masculino interior, com o feminino interior e ter um reino de abundância dentro de mim. Enfim, faz parte da cura do meu feminino encontrar o meu próprio caminho olhando para dentro, mesmo coletando referências importantes do mundo fora.


Quero conseguir bem casar o meu masculino interior com o feminino interior e ter um reino de abundância dentro de mim.

Pense bem, vivemos mais o mundo exterior ou o mundo interior? O feminino é o mundo interior, mas aprendemos a viver no mundo exterior. Nossa alma não se sustenta assim e aí vamos nos adoecemos enquanto humanidade. Negamos completamente o mundo interior e estamos todos anestesiados pelas redes sociais, remédios e entorpecentes. Mesmo quando dissemos estar saudáveis, nos aprisionamos na compulsão pela atividade física, boa alimentação e estética. Ainda é o mundo exterior, entende? Então, porque não entramos no castelo? Porque não olhamos para dentro? Ou seja, porque não podemos nos permitir sentir, vivenciar processos de vida-morte-vida? Não podemos ter tempo para chorar, para ter dias menos produtivos, mas a vida não é linear e sim cíclica.


Eu sentia no meu coração que já conhecia o caminho da cura e, na verdade, já o estava trilhando faz muitos e muitos anos, sem saber.


A cura passa por olhar para dentro com amor e por consequência para as pessoas ao redor.

Encarar as dores e chorá-las, pelas lágrimas ou pela menstruação. Deixar partir para renascer. Quanto mais eu me olho com amor, mas amo as pessoas ao meu redor e mais tenho coragem para dizer-lhes o que me desagrada, pois busco a cura e não a disputa. As minhas relações estão cada vez mais curadas, pois não busco o relacionamento por carência, para matar a minha fome, e sim porque gosto das pessoas.


A cura passa por se aperfeiçoar em dar nomes aos sentimentos e a entender os processos das emoções.

Lembro de quando era criança e ouvia “Caiu? Doeu não, levanta!”... putz, doeu muito. Doeu mais ainda aprisionar o choro e fingir que estava tudo bem, pois não estava. Aprendemos a colocar uma roupa apertada e dizer… é confortável! Cara, não é confortável. O que você sente? Nada? Cada vez que agimos assim, matamos ainda mais o feminino em nós. "Caiu? Doeu? Chore mesmo e saiba que vai passar."


A cura passa por acolher o meu querer e dar conta de sustentá-lo.

Dizer “eu não vou por que não quero ir”. Isso é muito difícil? É mais fácil dizer “eu não fui porque apareceu uma visita inesperada” e…. blá blá blá. Quando o nosso querer fica escondidinho, o nosso feminino fica bravo e acabamos descontando toda frustração no marido, no colega ou no homem mais próximo. Aprendemos a manipular para não dizer abertamente do nosso querer. Olha, o feminino fica bravo com isso, de verdade.


Enfim, aprendi que não preciso procurar a cura do feminino fora, a cura está aqui dentro. Assim, com um feminino curado, não precisamos mais lutar. Podemos olhar com amor e acolher. Sabe, depois que mudei completamente a minha postura profissional, nunca tive tanto reconhecimento e prosperidade, porque passei a atuar em verdade com meu coração.


O feminino é o mundo interior, mas aprendemos a viver no mundo exterior. Nossa alma não se sustenta assim e aí vamos nos adoecendo enquanto humanidade.

Adianto que é preciso parar de se vitimizar diante do tal patriarcado, pois não há nada de grande em se fazer pequeno. Precisamos nos fortalecer e também acolher tantos homens com o feminino ferido por aí. Vejam na sua família, por exemplo, quantos homens que ainda acreditam que não podem chorar?


A cura começa em mim.


Talvez você esteja se perguntando: E aí, conseguiu um novo relacionamento? Ainda não, mas estou me curando para que quando ele chegar, possamos continuar a nossa caminhada juntos, pois temos muita cura pela frente.



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