Convivendo com este professor, o Coronavírus (COVID-19), tenho me questionado como este barco da vida se desgovernou de uma hora para outra. Assim, tudo desmoronou de uma só vez. Adianto que concluí que não foi de uma hora para a outra. Eu que andava distraída por aí.
Dentre várias análises acerca dos ensinamentos do COVID-19, lembrei-me de Jung. Ele defendia a ideia de um inconsciente coletivo, uma das vertentes que o fez entrar em embates com o seu mestre, Freud. Nesta linha de pensamentos, herdamos formas de agir de acordo com o contexto em que estamos inseridos. Acrescento que somos indivíduos que fazem parte de um todo que está conectado. Assim, funcionamos como células individuais de um grande corpo.
Sendo assim, como permitimos que uma parte do nosso corpo se adoeça de tal forma a comprometer todo o nosso organismo mundial? O que aconteceu?
Dentre vários aspectos que podem ser levantados aqui, pontuo a questão que mais me salta aos olhos, porque não tenho dúvidas que existem outras. Trata-se da economia acima do indivíduo. Neste contexto, é fácil jogar a culpa em um ser invisível chamado “Todo Mundo”. Todo Mundo é muito egoísta e colocou a economia no centro da existência. Vamos partir para algo mais difícil um pouquinho. Vou falar de mim!
Lembrei que em Maio de 2008 eu me choquei com a informação de que a China colocava a produção de máquinas em um navio. Desta forma, ela se escapava de impostos territoriais e ganhava tempo, visto que o tempo do transporte do produto ocorria em paralelo com o da produção. Lembro que me preocupei na época com a corrida econômica e com o quanto a China havia se tornado imbatível economicamente. Hoje, fiz o exercício de me imaginar dentro destes navios. Pessoas apartadas de suas famílias e vivendo para a produção. Será que elas tinham horas de descanso? Tinham dormitórios adequados? Saúde, lazer e alimentação boa? Preciso reconhecer que naquela época estas preocupações não me visitaram. Eu deixei de lado tudo isto.
Depois eu fiquei sabendo que algumas marcas famosas estavam se utilizando do trabalho escravo Chinês para se tornarem mais competitivas. Na época, fiquei brava e me indignei. Parei de consumir certos produtos. No entanto, hoje, nem me lembro quais são estas marcas mais. Este problema deixou de existir para mim, mas será que ainda existe? Eu deixei de lado tudo isto.
Como um membro do corpo que dói e a gente deixa de lado e não dá atenção, me parece que a China foi adoecendo gravemente e todos nós juntos, visto que somos um só corpo. O Papa Francisco disse “Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente.” Nos esquecemos que TODOS SOMOS UM.
Foi preciso um invisível para nos fazer enxergar este grande membro do nosso corpo que é a China e olhar para a sua relação com todo o restante do corpo. Nesta hora, a amputação do membro é mais dolorosa do que a cura, visto que a doença está em tudo. Precisamos da cura urgente.
Triste, eu olhei para uma echarpe linda que ganhei de uma pessoa querida que veio da França, ela está escrita “Made in China”. Também isto ocorre com a maioria dos produtos que vejo por aqui, ao meu lado. Como não via este adoecimento que estava escancarado para mim?
A cura virá de várias formas, não tenho dúvida. Estamos vivendo um contexto de muita transformação moral, porque Deus (ou o Cosmos, ou a Força Criadora, como queiram chamar) quer que cresçamos moralmente. Neste momento, penso na urgência da adoção do consumo consciente e sustentável em que o indivíduo é mais importante do que a economia. A vida é mais importante que a produção. Chega de me alimentar dos sofrimentos dos outros. A transformação de “Todo Mundo” começa em mim.
Para a China digo as palavras do Hooponopono:
Todos Somos Um.
Referência:
Notícia sobre o barco-fábrica: https://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/valdocruz/ult4120u401164.shtml
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