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Qual o seu papel diante da crise?

  • Foto do escritor: Taty Mendes
    Taty Mendes
  • 19 de ago. de 2017
  • 5 min de leitura

Há um senso comum, uma fala que reverbera em nossos corações em que todos afirmam e reafirmam que estamos em crise. Convido você a refletir sobre este momento tão especial em que vivemos.


Antes de aprofundar sobre o tema da crise, vamos conceituá-la, para termos certeza de um alinhamento do nosso diálogo. Aqui, usarei o conceito trazido por Gramich para definir crise.


Temos uma crise quando o velho insepulto já não dirige os vivos e o novo ainda não se explicitou, não se qualificando, portanto, para orientar o presente.

Para Gramich, a crise se estabelece quando o velho não serve mais e o novo ainda não se estabeleceu. Ou seja, quando se vive em um momento de transição e passa a ser necessário se requalificar o novo. No espiritismo, religião que abracei na minha vida, há a teoria da transição planetária. Segundo estudos, estamos em uma fase na qual o planeta Terra deixa de ser um planeta de provas e expiações e passa a ser um planeta de regeneração. Ou seja, neste novo mundo não há mais expiações e sim provas e crescimento. Convido os meus colegas de crença para refletir e me ajudar a concretizar na prática, como seria viver em um mundo de regeneração? Estou falando na prática mesmo: vamos acordar e dar bom dia para todos? Teremos uma família? Terei vizinhos e muros nos separando? Na verdade, ninguém sabe, pois este novo cenário ainda não foi criado para nós.

Imagino que tenham pessoas que não compartilham desta crença da transição planetária do espiritismo, por este motivo, não vou me pautar nesta teoria para justificar o momento de transição em que vivemos, visto que não é preciso. Vou apenas me basear em fatos reais.

Observem que em todos os campos da nossa vida encontramos transição e, portanto, crise. Você prestou atenção que eu disse todos? Sim, todos os campos.

Vejamos no campo familiar, por exemplo. O antigo conceito de família não serve mais e novo ainda não se estabeleceu. Temos mães solteiras, avós de netos de um casamento anterior, crianças com duas mães ou dois pais, enfim, uma enormidade de variações que ainda não sabemos lidar. A educação das crianças que antes era apenas pelo olhar, agora tem que ser reinventada. Ou seja, a família precisa ser atualizada, mas para qual novo modelo? O novo ainda não foi concebido plenamente, estamos criando. Seguindo esta mesma linha de pensamento. Olhem a nossa política. A velha política não serve mais, mas qual é a nova?

Da mesma forma, não queremos mais o antigo modelo econômico, trabalhista e social. Até os nossos corpos estão rejeitando a proteína animal? Como preparar uma ceia de Natal vegana? Oi??? Estão preparados? E a nossa relação com o corpo? Academias, Cross Fit, Funcional…

Conforme observamos no nosso dia a dia, a crise se estabeleceu em todos os campos da nossa vida e este é um dos motivos que nos leva a estarmos tão ansiosos por não saber o que esperar do futuro e tão deprimidos por não conseguirmos nos desapegar do passado que não nos cabe mais. A saúde grita por estabilidade. A mente procura um sentido neste vácuo de padrões. Muitos suicídios e isolamentos nos assombram todos os dias.

Há tanto para construir que dá até uma pontinha de desespero, não é?


Agora vamos parar de mi mi mi.

Estamos, por algum motivo, inseridos neste cenário louco e vazio, né? E aí? Você já parou para pensar que nos foi dada a tarefa de construir este novo? O nosso papel não é de ficarmos lamentando que o mundo está isso ou aquilo e sim de fazer brotar o novo. Uma nova política, uma nova família, uma nova forma de se relacionar, novos relacionamentos internacionais, tudo precisa ser construído e o que você está fazendo aí parado nesse sofá?

Você deve estar se perguntando: “ok, mas por onde começar?” Ah, meu amigo, tenho uma resposta na ponta da língua: “Há tanto para se construir que você pode até escolher, mas não tente se apoiar no velho, pois é hora de se fazer brotar o novo.”

Bom, sabemos que a nossa tarefa não é tão fácil assim, visto que o novo não vai poder se pautar nos pilares do velho, porque há tanta desconstrução que teríamos uma base muito pouco sólida. O velho é sempre uma referência para o novo, mas nunca se distanciou tanto desse velho como agora. Apenas para os empolgados de plantão, ressalto que não estou falando em salvar o leão marinho ou a geleira dos polos, estou falando do nosso dia a dia. Sabe, aquele próximo bem próximo? Quando mudamos a nós mesmo, mudamos todos ao nosso redor, que por sua vez mudam todos ao redor deles, e assim por diante. Ou seja, mudar a si mesmo é o movimento mais efetivo de mudar o mundo.

Simplificando as coisas, vamos analisar na perspectiva da roseira para ficar mais claro. Pense bem, uma roseira não é chamada de árvore de espinhos apesar de ter muito mais espinhos do que rosas. Acontece um fenômeno lindo com a roseira, porque basta brotar uma rosa apenas para que todos se esqueçam completamente da enormidade de espinhos. Viu, basta mudar o foco! Na criação do novo há que se fazer brotar rosas no meio dos espinhos. Os espinhos não importam, ficarão obscurecidos diante da beleza da rosa.



“(…) o amor cobrirá a multidão de pecados.” Pedro 4:8

Vamos tornar tudo prático, para que não tenhamos dúvidas. Vou contar casos em que a pessoa fez este trabalho, ou seja, criou o novo e fez brotar uma rosa.

A Maria (nome fictício/história real) estava em profunda depressão. Maria tem 17 anos e vive em conflito com os pais em vários contextos. Maria pensava em suicidar, não via mais sentido na vida. Seus pais estavam preocupados, mas havia tanto distanciamento que eles não sabiam mais o que fazer. Um dia Maria abriu os olhos em seu quarto e pensou: “como aqui está bagunçado”. Ela resolveu arrumá-lo, mas não de um jeito comum, ela resolveu buscar um vídeo que ela já tinha visto sobre Feng Shui (arte de organização energética da casa). Ela colocou em prática no seu quarto. Então, a noite, na cozinha da sua casa, ela mostrou o vídeo para os seus pais. Apesar da descrença, eles resolvem abraçar a causa por verem que a filha querida estava saindo da cama. Então, todos se mobilizam todas as noites para conversar sobre mudanças na casa e por este caminho, o relacionamento familiar foi recriado. Entenderam? Os espinhos continuam lá. Eles ainda tem conflitos, problemas e desavenças, mas a rosa brotou e a família passou a ficar absorta pela rosa.

Um outro caso, o João (nome fictício/história real) é um pai de duas lindas crianças. Todos os dias ele chegava em casa a noite e se colocava diante da TV para assistir o Jornal Nacional. Ele percebeu que a sua esposa ficava com as filhas naquele momento e que ele estava vendo um resumo de tudo o que ele já tinha visto no dia e essas foram palavras dele. Ele então tomou uma decisão, não iria mais ver a TV e passaria a colocar uma música ambiente naquele horário, por volta das 20 horas. Sabe o que aconteceu? A família passou a se relacionar naquele horário e a rosa que ele fez brotar, transcendeu. As pessoas agora conversam. Legal, né? Não digo que você deve deixar ou não a TV, nada disso. O exemplo é para motivá-los a pensar no seu contexto e fazer as transformações que possam ser uma luz na escuridão.

Trouxe aqui casos da convivência familiar que são tão simples e tão transformadores.

Outro exemplo interessante é o movimento Cão Comunitário de Curitiba. Moradores de um bairro de Curitiba fizeram um movimento para cuidar dos cachorros da rua. Os cachorros são vacinados, tem camas, comidas e não são mais da rua e sim de cada um do bairro. Outro exemplo simples e transformador.



Cães dormindo em caminhas de pneus em Curitiba

Bom, agora a força está com você. Como você vai fazer brotar a rosa?

Luz Estelar!

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